domingo, 29 de março de 2015

Ser

É tarde. Logo já começam a cair os primeiros pingos d’água. E, rapidamente, aquele emaranhado de gotas se forma.

Aberto na página 123, o livro de crônicas me fez ver quantas vezes esqueço de que também sou gente, ou que, fora do meu cego mundo, existem pessoas.

Meu filho com, toda inocência, brinca com seus pequenos e frios carrinhos - ora, frios não em sua viva mente - no chão da sala.
Ao reler A Última Crônica, surge o brilho em meus olhos da primeira lágrima, que logo se torna um veio sobre a superfície de meu rosto.

Curioso meu filho pergunta:
-“Pai, por que choras?”
Ele sempre ouviu dizer que isso não é coisa de homem.

Neste momento lembrei-me da fala de meu velho pai (fã dos contos da távola e do fin’amour):

- “Sem honra e nobreza, é aquele que não sabe sentir o valor, o sabor e o poder do caminhar de uma lagrima sobre a pele: é o menor dos homens.”

São Gonçalo 2010

Encontro consigo

Ando tão cheio de dúvidas que...
É tudo tão sem sentido.

Estou amarrado as minha dúvidas, e estas não me dizem onde me meti.
Todos os castelos que construí em minha vida, desde os mais simples até os mais 'versalianos', se desfizeram em meio às chuvas de questionamentos - meus até.

Hoje vejo que foi perda de tempo.
Demorei para perceber que o melhor teto para minha moradia é o céu, o qual pendula entre nuvens e estrelas.
Paredes, só após o horizonte. E como base, apenas o bom e velho chão.
Chega de tudo, até de mim. Liberdade.

                                                                                                                     
                                                                                             São Gonçalo  2010