Sentado
sobre aquela mesma pedra de sempre,
O
velho olha o mar.
Forte
é o brilho do sol, que não o deixar abrir os olhos por completo.
Mas
não o impede de contemplar a beleza daquele grande e indomável amigo,
Que
parece cultivar e cativar os elogios do velho faz tempo: dança; sobe e desce
maré; emite sons...
Lá
longe, veem-se homens recolhendo suas redes repletas de presentes escamosos se
debatendo em sincronia com os risos e cantos de alegria dos pescadores. Como
que agradecendo pela dádiva, como se fosse uma forma de gratidão do gigante
salobro por anos e anos de convívio, respeito e paixão.
Pergunto
ao velho e aos pescadores o que o mar lhes significa.
Então,
ouço um amarfanhado de palavras, gestos, suspiros e sorrisos que nada consigo
compreender, mas saio de lá tão feliz quanto eles.
Meses
depois retorno àquele paraíso. E o que vejo, são homens estranhos, com roupas
também estranhas, removendo peixes agora negros como o óleo, com cheiro de
morte.
Avistei
apenas um dos pescadores e perguntei-o pelos outros e pelo velho. Ele contou
que o velho tinha há dias morrido de dor e desgosto ao ver seu amigo agonizar e
chorar negro e os outros pescadores foram tentar vida em outro lugar.
Perguntei-o
porquê não fez o mesmo.
Naquele
momento, ele olha para mim e, der repente, suas palavras somem – talvez tenham
morrido agonizantes junto com os peixes no mar -, vejo uma lágrima descer em
seu rosto e então percebo:
“Às
vezes, palavras de nada adiantam, e aquele que se cala muito está dizendo.”
Então
senti que o silêncio tem um barulho ensurdecedor.
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