Duas horas de brincadeira e aquele mesmo
olhar de criança afoita para começar mais um pique alguma coisa.
Percebo
ansiedade nas batidas de seu coração energicamente acelerado.
Corre
para lá, corre para cá: tanta vida.
Mesmo
que pareça não entender minhas palavras, basta ouvir a minha voz e ver as
minhas não muitas faces para saber o que se passa: é quase um paranormal.
De
imediato, ele parece desligar sua bateria e, num instante, se torna mais
paciente de todos os seres.
Pronto
para ouvir horas e horas de lamento; não dá sequer uma palavra por, talvez, saber
que nada era para ser dito, mesmo. Eu precisaria era desabafar. Que sabedoria!
A
sua inocência me faz perguntar por que temos de deixar de ser criança.
Posso muito melhorar, mas nunca serei
como ele. Sempre dois passos à frente.
Quando
o vi percebendo que estava chegando sua hora, seus olhos em nada mudaram.
Mesmo
assim percebi um franca tristeza que – algo me dizia – não era por saber que já
estava indo, mas por que iria sem mim, seu necessitado.
Eu
sabia que mesmo não havendo céu – ou sim – para ele, já tinha sua morada
eterna, no livro de minhas memórias.
Após
perdê-lo pude ver o quão completo fui ao seu lado e, só então pude descobrir
que, mesmo parecendo estúpido:
“Todo
ser humano deveria ter ou se amigo de um cão.”
Eles
sabem o que é fidelidade.
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